A história que propomos para o surgir do homem à luz da autoconsciência é uma história de somos-o-que-comemos. Grandes mudanças climáticas e uma dieta recém-ampliada, e portanto mutagénica, proporcionaram muitas oportunidades para a selecção natural afectar a evolução das principais caracteristicas humanas. Cada contacto com um novo alimento, uma nova droga ou um condimento estava prenhe de riscos e consequências imprevisíveis. E isto é ainda mais verdadeiro hoje em dia, quando a nossa comida contém centenas de preservativos e aditivos mal estudados.
Como exemplo de plantas com impacto potencial sobre uma população humana, considere-se a batata-doce do género Dioscorea. Em boa parte do mundo tropical as batatas-doces proporcionam uma fonte de alimento fiável e nutritiva. Não obstante, várias espécies muito próximas contém compostos que interferem na ovulação. (Estas tornaram-se a fonte de matérias-primas para as modernas pílulas anticoncepcionais). Algo próximo do caos genético abater-se-ia sobre uma população de primatas que passasse a alimentar-se destas especies de Dioscorea. Muitas situações assim, ainda que de magnitude menos espectacular, devem ter ocorrido enquanto os primeiros hominídeos experimentavam novos alimentos, ao mesmo tempo que expandiam os seus hábitos dietéticos omnívoros.
Comer uma planta ou um animal é um modo de apoderar-se do seu poder, de assimilar a sua mágia. Na mente dos povos pré-literatos raramente são claras linhas divisórias entre drogas, alimentos e condimentos. O xamã que se empanturra de pimenta para aumentar o calor interno dificilmente estará num estado menos alterado do que o entusiasta de óxido nitroso após uma longa inalação. Na nossa percepção do sabor e na nossa busca de variedade na sensação do comer, somos marcadamente diferentes até mesmo dos nossos primos primatas. em algum ponto do caminho, os nossos novos hábitos omnívoros e o nosso cérebro em evolução, com a sua capacidade de processar dados sensórios, uniram-se na feliz ideia de que a comida pode ser uma experiência. Nasceu a gastronomia - para juntar-se à farmacologia que certamente a precedeu, já que a manutenção da saúde através da regulação da dieta é observada entre muitos mamíferos.
A estratégia dos primeiros hominídeos era comer tudo o que parecesse comestível e vomitar o que não se revelasse palatável. Plantas, insectos e pequenos animais considerados comestíveis através deste método eram introduzidos na dieta. Uma dieta mutável ou uma dieta omnívora significam exposição a um equilíbrio químico em constante alteração. Um organismo pode regular esse influxo químico através de processos internos, mas, em última intância, as influências mutagénicas crescerão e será oferecido ao processo de selecção natural um número maior do que o usual de individuos geneticamente desviantes. O resultado desta selecção natural são mudanças aceleradas na organização neural, nos estados de consciência e no comportamento.
Nenhuma mudança é permanente, cada uma dá lugar a outra. Tudo flui.
Como exemplo de plantas com impacto potencial sobre uma população humana, considere-se a batata-doce do género Dioscorea. Em boa parte do mundo tropical as batatas-doces proporcionam uma fonte de alimento fiável e nutritiva. Não obstante, várias espécies muito próximas contém compostos que interferem na ovulação. (Estas tornaram-se a fonte de matérias-primas para as modernas pílulas anticoncepcionais). Algo próximo do caos genético abater-se-ia sobre uma população de primatas que passasse a alimentar-se destas especies de Dioscorea. Muitas situações assim, ainda que de magnitude menos espectacular, devem ter ocorrido enquanto os primeiros hominídeos experimentavam novos alimentos, ao mesmo tempo que expandiam os seus hábitos dietéticos omnívoros.
Comer uma planta ou um animal é um modo de apoderar-se do seu poder, de assimilar a sua mágia. Na mente dos povos pré-literatos raramente são claras linhas divisórias entre drogas, alimentos e condimentos. O xamã que se empanturra de pimenta para aumentar o calor interno dificilmente estará num estado menos alterado do que o entusiasta de óxido nitroso após uma longa inalação. Na nossa percepção do sabor e na nossa busca de variedade na sensação do comer, somos marcadamente diferentes até mesmo dos nossos primos primatas. em algum ponto do caminho, os nossos novos hábitos omnívoros e o nosso cérebro em evolução, com a sua capacidade de processar dados sensórios, uniram-se na feliz ideia de que a comida pode ser uma experiência. Nasceu a gastronomia - para juntar-se à farmacologia que certamente a precedeu, já que a manutenção da saúde através da regulação da dieta é observada entre muitos mamíferos.
A estratégia dos primeiros hominídeos era comer tudo o que parecesse comestível e vomitar o que não se revelasse palatável. Plantas, insectos e pequenos animais considerados comestíveis através deste método eram introduzidos na dieta. Uma dieta mutável ou uma dieta omnívora significam exposição a um equilíbrio químico em constante alteração. Um organismo pode regular esse influxo químico através de processos internos, mas, em última intância, as influências mutagénicas crescerão e será oferecido ao processo de selecção natural um número maior do que o usual de individuos geneticamente desviantes. O resultado desta selecção natural são mudanças aceleradas na organização neural, nos estados de consciência e no comportamento.
Nenhuma mudança é permanente, cada uma dá lugar a outra. Tudo flui.
1 comentário:
somos o que comemos?? será que vou virar chica??? aiaiaiai
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